De olho na emoção de seus filhos

“Meu filho vai ter nome de santo / Quero o nome mais bonito”. Os versos da música-ícone “Pais e Filhos”, de Legião Urbana, simbolizam a vontade que os pais têm de aprender mais sobre as emoções dos seus filhos. Antes mesmo de o bebê nascer, embarcam em um planejamento detalhado, que vai do nome à escolha da escola.

Não projete seus sonhos neles

Quem não gostaria de ter sido mais popular; o primeiro a ser escolhido para o time de futebol ou a menina mais bonita da escola? Todos gostaríamos de ter sofrido menos e de ter sido mais admirados. Mas lembremos: cada um vive uma história única. Portanto, não adianta canalizar para o seu filho a expectativa de que ele será o que você gostaria de ter sido.

Além da impossibilidade universal de ser 100% feliz e amado todo o tempo, leve em conta também que seu filho é outra pessoa. Provavelmente ele tem aptidões e vontades diferentes das suas. Muitas vezes, os filhos parecem ser a extensão narcísica dos pais”, aponta a psicóloga e psicanalista Elizabeth Brandão, de São Paulo, professora do curso de Psicologia da PUC-SP. Isso quer dizer que a criança não irá complementar a sua vida, muito menos compensá-la. Ela terá a vida dela, com suas próprias dificuldades e conquistas.

A criança pode se sentir pressionada

Pressionada para que seja uma versão melhorada de você, a criança poderá falhar. Dessa forma, perceberá esse fracasso como uma espécie de decepção para os pais. Por isso, desde cedo, procure dar espaço para as diferenças de gostos e objetivos em sua família. Não se esqueça de que criar um filho é acompanhar o desenvolvimento da vida de outro ser humano e auxiliá-lo nessa trajetória, e não moldar alguém ao seu gosto.

Expectativas demasiadas e excesso de proteção e de mimos, muitas vezes conduzem a um quadro indesejável: a criança pode se tornar um jovem cheio de conhecimentos, entretanto pouco capaz de se relacionar em grupo, insatisfeito e infeliz.

Acostumado a ter tudo à mão, ele reage mal diante das dificuldades intrínsecas à vida e à convivência em sociedade. Consequentemente, não desenvolve a segurança e o “jogo de cintura” necessários para a satisfação pessoal e o sucesso profissional.

A habilidade para conviver, empatia e flexibilidade são características que o mundo profissional mais tem procurado. Em um estudo recente, a IMC Consultoria Empresarial, do Rio de Janeiro, divulgou que 75% das empresas brasileiras consideram a chamada “inteligência emocional” mais importante do que os conhecimentos práticos de seus funcionários. Não adianta, portanto, investir na hiperqualificação de seu filho sem, ao mesmo tempo, lhe garantir uma formação emocional sólida.

Pensando nisso, não percam de vista as emoções de seus filhos.

 

Texto adaptado pelo Serviço de Orientação Psicopedagógica – SOP

Por Luis Carlos Prado (Médico e Psicoterapeuta Familiar)

Fonte: http://www.redecaminhodosaber.com.br/blog/de-olho-na-emocao-de-seus-filhos/

Posts recentes